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13 de fevereiro de 2009

in a flu



Na terça feira fui fazer uma das coisas que profissionalmente mais prazer me deram fazer ao longo dos anos. Fui visitar uma obra.
Para quem, como costumo dizer, praticamente nasci no meio dos tijolos, é uma coisa muito pessoal.
O meu Pai começou jovem a sua vida profissional entre obras. Primeiro como fiscal autárquico, depois como promotor e mediador imobilário.
Talvez por isso me foi tão fácil iniciar a minha carreira profissional também por aí.
Aos 4 ou 5 anos já estava habituado a andar pelas obras e a ver crescer um prédio. Talvez por isso também o meu gosto por fazer acontecer as coisas.
Ao longo dos anos planeei, discuti e desenvolvi muitos metros quadrados de habitação, escritórios e comércio e finalmente as áreas de serviço e os postos de abastecimento. Estive na génese da abertura de avenidas, estradas e auto-estradas. atravessei quintas, desci ao fundo de escavações e galerias e subi ao topo de edifícios, muitas vezes "pendurado" naquelas gaiolas que assustam quem as vê de fora e não menos a quem lá vai dentro.
Botas de obra, colete refletor e capacete eram parte da tralha que estava sempre na mala do carro. Depois o Marketing e as vendas e no fim a gestão do património e o pós-venda. Um ciclo que só se completava quando visitava um dos espaços que tinha ajudado a conceber, fosse habitação ou terciário e o via humanizado pelos utilizadores finais, afinal para quem tinhamos trabalhado muitas vezes ao longo de mais de dois anos.
E era partir para outra. E tem sido assim desde há 25 anos.
Mas o que eu queria mesmo dizer era que na terça-feira fui visitar uma obra. Desta vez de um amigo. Um edifício de habitação com arquitectura cuidada e bom gosto nos acabamentos, com qualidade e soluções inovadoras, algumas das quais já a fazer escola. Fiquei orgulhoso de ser seu amigo.
Mas afinal tudo isto para dizer que me constipei. Gripei. Sei desde sempre que não há ambiente mais terrível para um "animal doméstico" do que uma obra sem rebocos e sem janelas.
Valeu a pena.

24 de julho de 2008

beginner's mind



Beginner's mind is Zen practice in action. It is the mind that is innocent of preconceptions and expectations, judgements and prejudices. Beginner's mind is just present to explore and observe and see "things as-it-is." I think of beginner's mind as the mind that faces life like a small child, full of curiosity and wonder and amazement. "I wonder what this is? I wonder what that is? I wonder what this means?" Without approaching things with a fixed point of view or a prior judgement, just asking "what is it?"

Can we look at our lives in such a way? Can we look at all of the aspects of our lives with this mind, just open to see what there is to see? Children begin to lose that innocent quality after a while, and soon they want to be "the one who knows." We all want to be the one who knows. But if we decide we "know" something, we are not open to other possibilities anymore. And that's a shame. We lose something very vital in our life when it's more important to us to be "one who knows" than it is to be awake to what's happening. We get disappointed because we expect one thing, and it doesn't happen quite like that. Or we think something tought to be like this, and it turns out different. Instead of saying, "Oh, isn't that interesting," we say, "Yuck, not what I thought it would be." Pity. The very nature of beginner's mind is not knowing in a certain way, not being an expert. As Suzuki Roshi said in the prologue to Zen Mind Beginner's Mind, "In the beginner's mind there are many possibilities, in the expert's there are few." As an expert, you've already got it figured out, so you don't need to pay attention to what's happening. Pity.

How can we cultivate this mind that is free to just be awake? In zazen, in just sitting, in sitting and noticing the busyness of our mind and all of the fixed views that we carry. Once we noticed the fixed views that we are carrying around with us, the preconceptions that we are carrying around with us, then it is possible for us to let them go and say, "Well, maybe so, maybe not." Suzuki Roshi once said, "The essence of Zen is 'Not Always So'." "Not always so." It's a good little phrase to carry around when you're sure. It gives you an opportunity to look again more carefully and see what other possibilities there might be in the situation.
that have to do with right or wrong?"

First, before you can let go of preconceptions and expectations and prejudices, you have to notice them; otherwise, they're just carrying on unconsciously and affecting everything you do. But as you sit, you begin to recognize the really persistent ones: "Oh my gosh...You again! Didn't I just deal with you yesterday?" And again. And again. Pretty soon, you can't take them seriously. They just keep popping up, and popping up, and popping up, and after a while you become really familiar with them. And you can't get so buried under something once you realize that it's just a habitual state of mind and doesn't have much to do with what's right in front of you. It's just something that you haul around with you all the time and bring out for every occasion. It hasn't much to do with the present situation. Sometimes you can actually say, "Oh, I think I'm just hauling that around with me. I don't think it has anything to do with this."

14 de setembro de 2007

o irresistível encanto da ambiguidade - 1



Estava quase a descobrir o que se encontrava para lá daquele portão.
Tinha ali chegado sem saber como. Tudo começou quando de manhã, em vez de ir pelo caminho habitual, escolheu saltar muros e atravessar uma quinta das que rodeavam aquela em que vivia desde há pouco mais de 1 ano, e a qual jamais havia visitado.
Estava certo que não iria encontrar nada de muito diferente. Afinal todas aquelas quintas tinham pertencido ao mesmo Senhor e de uma forma ou de outra não seriam muito diferentes.
Deteve-se quando viu aquela luz filtrada que chegou até ele, lá do cimo daqueles degraus negros.
O portão estava aberto e até parecia que era assim que era costume estar.
A fechadura tinha sido arrancada sabe-se lá quando.
Estava contente. Tinha sido capaz de saltar muros altíssimos, pelos menos assim lhe tinham parecido. Tinha corrido e caminhado por veredas e carreiros estreitos sem se arranhar ou mesmo rasgar as roupas.
Sabia bem o que lhe diriam os pais se ao chegar a casa se apresentasse de joelhos e pernas magoadas e esfoladas - que era irresponsável e que nunca prestava a atenção necessária ao que estava fazer. Tambem sabia que estes reparos não eram mais do que cuidados de pais preocupados e interessados. Outrossim desconfiava do mesmo tipo de reparos vindos dos professores. Tinha até a certeza de que desse lado só apareciam pela convencionada preocupação que um professor deve demonstrar pelo seu rebanho. Nem todos seriam assim. Ele é que tinha tido azar.
Gostava de ir para a escola. Não ia sempre pelo mesmo caminho. Gostava da descoberta, da adivinhação do que iria encontrar, mesmo que muitas vezes apenas resultasse de um novo olhar pelos mesmos elementos de sempre. Para ele bastava.
Que iria encontrar ao cimo dos degraus?

Nota do escriba
Este é o primeiro de muitos textos desta história. Não sei quando voltarei mas voltarei.