24 de setembro de 2008

e porque não?


Confesso que entendo a febre do iphone. Eu próprio se não tivesse um telemóvel quase novo e útil, quase perfeito, também teria sucumbido a essa febre e já teria o meu iphone.
É um fifty dollar phone, mas é bonito e como máquina de impressionar o próprio e todos os que nos rodeiam não há igual. Mas também confesso que já vou estando farto.

Como dizia no seu blog um conhecido meu, e agora de todos nós porque se deu a ser comentarista e pessoa publica, já não há pachorra para dar atenção a esta febre de falar do que se tem e do que se faz numa tentativa vã de se ser ou de dar importância ao que não se tem ( se me faço entender).


Também ele dizia que não tem paciência para os relatos incríveis das férias acompanhadas das mostras infindáveis das mais de 3000 fotografias que relatam os modos e as formas dos locais que se visitaram mostrando tudo e mais qualquer coisa como se mais ninguém as tivesse visto ou as fosse visitar. Que saudades dos rolos de 36 fotografias da Kodak que se revelavam e colavam em albuns e não ocupavam o nosso tempo a serem mostradas nos tais iphones.


Falta de paciência desta moda de estar sempre agarrado ao telemóvel a ver os e-mails. Mas que e-mails? Serão assim tão importantes? e como era antes? E fazê-lo à mesa do restaurante naquele jantar de amigos? Porquê?


Tenho outro amigo que nos remotos tempos do aparecimento do fax, uma tecnologia altamente inovadora dos finais do século passado fez um acto de imensa sabedoria com resultados que só ele pode avaliar no tempo.
Foi assim: comprou um desses aparelhos de fax que depois de ligado à respectiva linha telefónica passou a ser uma ferramenta de trabalho para atender as necessidades dos seus clientes. Falta dizer que este meu amigo é advogado. Passada uma semana o aparelho estava desligado. Quando lhe perguntei porque o tinha feito, disse-me: Teve de ser! E tinha sido porque, dizia ele, antes os clientes contactavam o seu escritório telefónicamente e falando com a secretária agendavam uma reunião na qual aprsentavam os seus casos que depois o meu amigo agendava para tratar no tempo útil de que dispunha. Com o fax os clientes pensavam que após terem enviado o fax e recebido a confirmação da sua recepção, o meu amigo estaria de imediato a trabalhar nos seus casos. Nada mais errado. E foi assim que ele decidiu acabar com essa tecnologia. Nem sei o que se estará a passar agora com os e-mails, os blackberrys, os iphones e a net. Mas ele nesse tempo teve a coragem de dizer NÃO.

E afinal é disso que se trata: da coragem de dizer não.

Não a muita coisa. Não aos momentos de leitura de e-mails a toda a hora. Não às chamadas inoportunas que se recebem em todo o lado. Não à vaidade intrusiva mascarada de conhecimento ou desvio hi-tech comportamental.
Não à violência nas escolas. A Finlandia, uma das sociedades civis mais armadas do mundo acaba hoje de nos dar mais um péssimo exemplo...Não!

Não ao consumismo desenfreado, materialista que nos consome...Não!

Não ao terrorismo...Não!

Não a tudo o que nos desagrada...Não.

É preciso refazer a cultura do não. É preciso reaprender a dizer não.

Imaginemos o bem que nos fará dizer não quando é essa a nossa mais sincera vontade. Experimentemos criar a semana do não e apreciemos o resultado.

E porque não?

Sem comentários: