20 de fevereiro de 2007

comem, mastigam, engolem...



O presidente do governo regional da Madeira, Alberto João Jardim, anunciou hoje a demissão do cargo que ocupa desde 1978, interrompendo pela primeira vez um mandato em quase três décadas à frente do executivo madeirense.
A decisão foi confirmada pelo próprio presidente do governo numa «comunicação aos madeirenses» feita a partir do salão nobre do governo regional, após uma reunião da comissão política regional do PSD-Madeira realizada esta tarde.
- «Decidi apresentar a demissão do governo regional porque não estou em posição de enfrentar esta multiplicação de novos problemas, sem um mandato claro do eleitorado da Região Autónoma da Madeira», declarou.
- «Coloco-me nas mãos do povo, mas ao recandidatar-me à liderança do governo regional demonstro que não fujo, nem abandono, quando as circunstâncias estão insuportavelmente muito mais difíceis», acrescentou.
O governante disse ainda que se recandidata por achar que «a Madeira não merece passar a ter um governo de medíocres, de incultos, de traumatizados sociais e de subservientes a Lisboa».
Por outro lado, referiu que, se o povo lhe der a oportunidade de mais um novo mandato de quatro anos, terá «tempo para concretizar serenamente o programa do governo; proceder à mudança estruturante de um novo ciclo económico, caracterizado por mais investimento privado e por maior internacionalização da economia do arquipélago; para produzir novas leis regionais que sirvam de contra-peso às indecente manobras partidárias dos socialistas».
Jardim justificou a decisão de demitir-se pela Lei das Finanças Regionais violar a constituição da República, o Estatuto Político-Administrativo da Madeira e pelo facto do «poder socialista em Lisboa subtrair à Região até 2014 cerca de 450 milhões de euros».

Isto sim é que são notícias. Daquelas de abrir os noticiários radiofónicos ou televisivos. Logo a seguir à apresentação dos espectaculos da Floribela ou dos Morangos com Açucar.

O Homem falou bem. Como é que pode haver alguém que não goste deste gajo.

Eu não voto na Madeira mas tenho pena. Assim até dá gosto. Qual Menezes, ou Rui Rio. Qual Fátima Felgueiras ou Zeca do Marco.

E ainda falam do Bloco de Esquerda. É que ao pé do AJJ o Xico Louçã nem a aprendiz de feiticeiro chega. Deviamos era mandar o Manelinho de Pinho para a Madeira fazer um estágio, que para além de um acto misericordioso, era um bem para a Nação.

Mas é Carnaval e ninguém leva a mal.

A isto e a mais uma série de impropérios que se ouvem grasnar aqui bem perto, e por gente conhecida.

Cambada de toscos! Comem, mastigam, engolem...e não dão leite.

não é bem assim!



O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.


A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas.


Essas e o que faz falta nelas eternamente;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço, Cansaço.


Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada
-Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...


E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo, Cansaço...


by Alvaro de Campos


Cansaço?...Moi? Je? Pois, mas...não é bem assim!



é carnaval cá na terra



Porque

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não.

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos
Porque os outros calculam mas tu não.

by SMB

15 de fevereiro de 2007

e aperta um pouco mais



seja o que for
que me fez para aqui parar
SLK, Morgan ou Jaguar
oh, seja o que for
que me faz querer estar
seja lá o que for
que procuro nos teus braços
seja o que for
no dia a dia
seja lá pelo que for
solta as feras, faz magia
desperta os sentidos
começa passo a passo
liberta esse fogo
baralha, parte e dá
és tu quem está no jogo
oh, seja o que for
é para estar ao teu lado
por ti não é demais
acorda o teu sei lá
e aperta um pouco mais.

era do PG e foi adaptado por mim e sim...tem a ver com a pdmc

tremores



Esta semana foi de tremores.

O primeiro na segunda-feira, em todo o país mas lá do lado dos Açores de grau 6 com o epicentro localizado próximo do de 1755!

Magnitude
6.0 -Strong - Richter open
Date-Time
Monday, February 12, 2007 at 10:35:21 (UTC)= Coordinated Universal Time
Location
35.843°N, 10.289°W
Depth
10 km (6.2 miles) set by location program
Region
AZORES-CAPE ST. VINCENT RIDGE
Distances
250 km (155 miles) WSW of Faro, Portugal335 km (210 miles) SSW of LISBON, Portugal340 km (210 miles) WSW of Huelva, Spain345 km (215 miles) NW of Casablanca, Morocco
Location Uncertainty
horizontal +/- 5.2 km (3.2 miles); depth fixed by location program
Parameters
Nst=192, Nph=192, Dmin=373.9 km, Rmss=0.81 sec, Gp= 61°,M-type=moment magnitude (Mw), Version=6

O segundo foi ontém, quarta-feira, também sentido em todo o país, e não só, mas com epicentro para os lados de S. Domingos de Benfica.

Magnitude
1-0 - à rasquinha aos 88' com pé de Miccoli
Date-Time
Wednesday, February 14, 2007 at 21:43:21 (UTC)= Coordinated Universal Time
Location
38 45' 10,00'' N, 09 11' 05,53'' W localizado próximo da 2ª circular contra o Dínamo de Bucarest
Depth
quase 40.000 pessoas - set by entry count
Region
Lisboa- Estádio da Luz
Distances
quase em cima da baliza
Location Uncertainty
meio campo adversário
Parameters
à terceira foi de vez e obriga os gajos Romenos a terem de ganhar lá por 2-0

14 de fevereiro de 2007

saiu a primeira...e de grande calibre!



O Kiko hoje deu-lhe forte e enquanto estava a jogar na PSP largou a sua primeira bujarda.

..............casa do caralho!

Eu sentado ao lado no sofá, como é meu hábito quando ele está a jogar, fiquei por momentos sem saber o que dizer.

Mas lá me recompus e perguntei: que disseste?...e ele repetiu. Olhei para ele e voltei à carga: que quer dizer isso? - e ele que não sabia. Deixei cair.

Depois mais tarde disse-lhe que ele não devia dizer aquilo e que me parecia que era uma coisa feia. Defendeu-se logo e delatou o colega com quem tinha aprendido a coisa.

Claro que ele nem faz a menor ideia do que disse. Por enquanto.

Está a crescer. Saiu a primeira bujarda. Muitas mais virão.

lá onde se está bem



Se de relações se fala no dia de S. Valentim, então também de ralações se deve falar.

De vez em quando era meu suspiro exclamar: "só tenho ralações e sexo rasca!" Pois nem tanto ao mar nem tanto à terra. Nem as ralações eram muitas nem as relações estavam tão mal.

Mas as ralações são sem duvida um prato forte nas relações.

Sem elas até pareceria que a vida é uma coisa fácil e de fácil entendimento.

Nada disso! Nunca vamos saber se estamos bem.

Dizia um dos cabeleireiros onde vou cortar o cabelo, em jeito de graça, que a mulher nunca lhe fala de manhã quando ele sai para trabalhar mas que hoje por duas vezes lhe tinha dado os bons dias. Comentou o ocorrido com os colegas que então logo lhe disseram que era natural porque era dia de S. Valentim - dia dos namorados.
Claro que ele foi logo dizendo que nem pensar que lhe daria alguma importância.
Aliás esse é muitas vezes o comentário que se ouve neste dia. Que foi inventado para satisfazer necessidades dos comerciantes que após o Natal e antes do Carnaval necessitavam de alguma acção que dinamizasse o negócio.

Pois.

Mas também há outras histórias como a de uma colega que hoje ofereceu ao marido uma serenata no local de trabalho dele. Foi bom vê-la durante o dia a pensar nele e preocupada se ele iria gostar ou não, como iria reagir. Acabou a receber um telefonema dele a agradecer...lindo. Melhor ainda que um colega o filmou e partilhou depois o filme e então pudemos todos vê-lo a ouvir a serenata..."eu sei que vou te amar para toda a minha vida..."

Eu sempre fui festejando este dia e de certa forma hoje também o fiz.

o 14 de S.Valentim




Existem várias teorias relativas à origem de São Valentim e à forma como este mártir romano se tornou o patrono dos apaixonados. Uma das histórias retrata o São Valentim como um simples mártir que, em meados do séc. III d.C., havia recusado abdicar da fé cristã que professava. Outra defende que, na mesma altura, o Imperador Romano Claudius II teria proibido os casamentos, para assim angariar mais soldados para as suas frentes de batalha. Um sacerdote da época, de nome Valentim, teria violado este decreto imperial e realizava casamentos em sigilo absoluto. Este segredo teria sido descoberto e Valentim teria sido preso, torturado e condenado à morte. Ambas as teorias apresentam factores em comum, o que nos leva a acreditar neles: São Valentim fora um sacerdote cristão e um mártir que teria sido morto a 14 de Fevereiro de 269 d.C.

Quanto à data, algumas pessoas acreditam que se comemora neste dia por ter sido a data da morte de São Valentim. No entanto, outros reivindicam que a Igreja Católica pode ter decidido celebrar a ocasião nesta data como uma forma de cristianizar as celebrações pagãs da Lupercalia. Isto porque, na Antiga Roma, Fevereiro era o mês oficial do início da Primavera e era considerado um tempo de purificação. O dia 14 de Fevereiro era o dia dedicado à Deusa Juno que, para além de rainha de todos os Deuses, era também, para os romanos, a Deusa das mulheres e do casamento. No dia seguinte, 15 de Fevereiro, iniciava-se assim a Lupercalia que celebrava o amor e a juventude. No decorrer desta festa, sorteavam-se os nomes dos apaixonados que teriam de ficar juntos enquanto durasse o festival. Muitas vezes, estes casais apaixonavam-se e casavam. No entanto, e como aconteceu com muitas outras festas pagãs, também a Lupercalia foi um 'alvo a abater' pelo cristianismo primitivo. Numa tentativa de fazer uma transição entre paganismo e cristianismo, os primeiros cristãos substituíram os nomes dos enamorados dos jogos da Lupercalia por nomes de santos e mártires. Assim, conciliavam as festividades com a religião que professavam, aumentando a aceitabilidade por parte dos Romanos. São Valentim não foi excepção e, como tinha sido morto a 14 de Fevereiro, nada melhor para fazer uma adaptação da Lupercalia ao cristianismo, tornando-o como o patrono dos enamorados.

Tradições do Dia de São Valentim

Muitas são as tradições associadas ao dia de São Valentim, variando de país para país. Por exemplo, nas Ilhas Britânicas na altura dos Celtas, as crianças costumavam vestir-se de adultos e cantavam de porta em porta, celebrando o amor; no actual País de Gales, os apaixonados trocavam entre si prendas como colheres de madeira com corações gravados, chaves e fechaduras, o que significava «Só tu tens a chave do meu coração».
Já na Idade Média, em França e na actual Inglaterra, no dia 14 de Fevereiro, os jovens sorteavam os nomes dos seus pares e estes eram cosidos nas mangas durante uma semana. Se alguém trouxesse um coração costurado na camisola, isso significava que essa pessoa estava apaixonada. Ao longo dos tempos, as tradições de São Valentim foram adquirindo um grau de complexidade cada vez maior. A cada ano que passava, foram-se criando novas tradições, lendas e brincadeiras, como é o caso das mensagens apaixonadas. A tradicional troca de cartões, cartas e bilhetes apaixonados no dia 14 de Fevereiro teve origem na altura da própria lenda de São Valentim, quando este teria deixado um bilhete à filha do seu carcereiro. No entanto, não há qualquer facto que comprove esta lenda. Porém, é certo que, no século XV, Charles, o jovem duque de Orleães, terá sido o primeiro a utilizar cartões de São Valentim. Isto porque, enquanto esteve aprisionado na Tower of London, após a batalha de Agincourt em 1945, terá enviado, por altura do São Valentim, vários poemas e bilhetes de amor à sua mulher que se encontrava em França. Durante o século XVII sabe-se que era costume os enamorados escreverem poemas originais, ou não, em pequenos cartões que enviavam às pessoas por quem estavam apaixonados. Mas, foi a partir de 1840, na Inglaterra vitoriana, que as mensagens de São Valentim passaram a ser uniformizadas. Os cartões passaram a ser enfeitados com fitas de tecido e papel especial e continham escritos que ainda hoje nos são familiares, como é o caso de «would you be my Valentine». Nos dias de hoje, é entre os mais novos que estas mensagens de São Valentim são mais populares, sendo uma forma de expressarem as suas paixões.

...lá por conhecermos uma coisa de uma pessoa não quer dizer que conheçamos essa pessoa.



Já não me consigo surpreender com as pessoas como costumava.

Talvez porque já me vou conhecendo melhor e também as pessoas que me vão rodeando, ou porque já vou somando anos e já não vou desejando tudo de todos e da mesma forma.

Mas não deixo de pasmar com as repetições. Como as acções e as reacções se repetem.

Para onde fugiu a originalidade das gentes que de tão expontânea era fonte de entusiasmo e simultâneamente de recompensa para quem fazia e para quem recebia.

E será que também eu me estarei a repetir? É bem capaz.

Vou ficar atento. Pelo sim pelo não vai valer a pena ainda deixar-me surpreender quanto mais não seja por mim.

@ gladstones


No local onde Sunset Boulevard encontra o Oceano Pacífico fica o Sea View Gladstones 4 Fish n' Seafood Restaurant.

É um aqueles locais que se visita uma vez e que fica na nossa memória para sempre.

Nada de especial para além de ter uma localização priviligiada - 34º02'17,97''N / 118º33'23,29''.

Nada de especial para além de ter uns barris cheios de amendoins de onde nos servimos livremente e cujas cascas deitamos ao chão, onde se vai formando um tapete que quase nos cobre os pés.
Nada de especial para quem é bom apreciador de mariscos porque aqui se encontra do melhor daquela costa.

Nada de especial para quem é apreciador de uma boa costoleta com mais de 0,5 kg de carne.

Nada de especial se estas memórias não viessem de há mais de 9 anos.

Fui lá parar hoje quando iniciei a minha viagem pelo Goggle Earth.
Fiquei com vontade de viajar. De lá voltar ou perto.
Está em tempo de pensar nisso e voltar a atravessar o Atlântico.

o Jota fez 7 anos




Pois foi.

O puto está giro. Muito rapazão.

É um miúdo muito atento a tudo. Desde pequeno que sabe as marcas dos carros, os modelos e até a marca dos pneus. Está um ás nos jogos da PS2. E quando o Benfica joga não quer ver para não o ver perder, porque se assim acontece chora de tristeza.

Fez uma festa com os coleguinhas lá da escola e alguns amigos. Muitos rapazes e nem uma menina. São poucas e já se acostumaram a não vir às festas dos rapazes.

No meu tempo a idade do armário só começava pelos 10 ou 12 anos. Agora parece que começa mais cedo.

O Kiko disse logo que o primo gosta muito de futebol e jogos, por isso é que não havia meninas na festa, mas ele não, porque ele gostava mais de miúdas do que de futebol...pois!

A familia marcou presença e alguns bons amigos também.

Foi bom.

8 de fevereiro de 2007

dairy fudge



Hoje recebi mais um "carregamento" de Dairy Fudge do Waitrose.
Foi uma das poucas coisas boas dos ultimos dias.

O Kiko está doente desde há 3 dias. Com febres altas a que chamam resultado da gripe que anda por aí. Coisa chata. Vale sempre a boa disposição que ele tem, porque mesmo com 39º consegue manter aquele sorriso malandro.
O pediatra que é batido nestas coisas desde o tempo em que dirigia um hospital pediátrico na cidade do Cabo, foi logo dizendo para o manter a Brufen e Ben-u-Ron que a coisa passa.
Felizmente hoje a febre começou a baixar e espero que amanhã já tenha desaparecido.

Pelo meio a "sabrina" cá de casa que é "romena" lá dos lados da Serra da Mina, também encostou à berma com uma tendinite num dos membros superiores.

Em cima disso eu que andava com os membros inferiores derreados das descidas (?) na serra, fiquei febril e como se não bastasse hoje de manhã entrei em estado de completa desgraça com a minha lombalgia/desvio discal a pregar-me uma daquelas partidas que mais são chegadas porque me imobilizam com dor aguda. E voltou a atacar ao final do dia (o Voltaren não está a ajudar).

Por fim estou com a semana carregada de aliens vindos das longínquas Londres e Madrid. Ao menos de Londres vieram doces como só se fazem naquele que me habituei a chamar o melhor supermercado lá do bairro.

Mas nem tudo é mau porque Portugal lá voltou a ganhar ao Brasil, e eu tenho fudge.

Ah! E anda por aí uma praga de sapos. Coisa que só uma Gata Borralheira pode exterminar.

4 de fevereiro de 2007

a 2000m depois das Penhas da Saúde




Hoje fui à serra.
Levantei-me às 5 da manhã e como quem corre por gosto não cansa às 9h15 já estava de skis nos pés. Qualquer coisa como mais de 300 km de distância e 2000m de altitude e lá estava eu na que se chama "estância Vodafone".
Devo confessar que fiquei surpreendido pela positiva. As pistas são curtas, há muito puxa-rabos "tele-ski" que nos deixa o dito molhado, há malta que ali vai como se da Costa da Caparica se tratasse, mas até não está nada mal.
Logo de manhã e até quase ao meio-dia a coisa esteve calma; depois pela hora de almoço e pela tarde fora, complicou.
Muito chapéu de fita, calça de ganga e plástico a escorregar quase ao lado da pista, mas que dizer? Era domingo e o tempo estava de feição.
Fiz as pistas, as paralelas, as obliquas, a cunha, e até caí, numa estância in an out ski, onde saí do carro, calcei as botas e os skis e comecei logo a esquiar, e regressei 6 horas mais tarde fora de pista directamente ao carro.
Valeu a viagem e passei um dia giro. Cansativo mas para repetir.
E até tem história para contar.
Quase a chegar parei para tomar café na penultima área de serviço da A23.
Foi aí que me apercebi que tinha deixado a carteira em casa. O que me salvou foi o porta-moedas que anda sempre no carro, com € 20 e algumas moedas para os parquimetros.
E começou a aventura. Contei cêntimospara poder beber um café e até o forfait foi vendido para arranjar uns euros para pagar a divida do almoço e para gasoleo se fosse necessário. Mas não foi.
E agora é esperar por Março noutra serra também nevada.

3 de fevereiro de 2007

em momentos de crise, a imaginação é mais importante que o conhecimento



Foi o Albert Einstein que o disse e ele lá tinhas as suas razões.

Ou talvez não... Sei lá! Digo eu...mas lá que dá jeito, dá, e serve de desculpa para muita coisa.
Eu vou deitar-me que já é tarde e se calhar ainda penso um bocado sobre isto.
Ou talvez não...

ontém: Benfica 0 - Boavista 0



É que nem dá para falar do jogo!

Aliás que jogo? Nem a equipa do estabelecimento prisional da picheleira jogaria pior contra o Palmense de Arrebalde de baixo.

Quatro bolas nos "ferros" do Estádio da Luz mantiveram ontem um "nulo" entre Benfica e Boavista, no arranque da 17ª jornada da Liga de futebol, com as "águias" a poder ver o título mais longe ou regressar ao terceiro lugar.

O que vale é que os "piquenos" ganham pouco e pagam impostos.

Nem a comida servida em camarote, regada com tinto e finalizada a Tattinger se safou.

Por isso o melhor é disfarçar e cá vai...

"Descia eu uma tarde, numa leda paz de ideias e sensações, o Boulevard da Madalena, quando avistei, diante da Estação dos Autocarros, rondando no asfalto, num passo lento e felino, uma criatura seca, muito morena, quase tisnada, com dois fundos olhos taciturnos e tristes, e uma mata de cabelos amarelados, toda crespa e rebelde, sob o chapéu velho de plumas negras. Parei, como colhido por um repuxão nas entranhas. A criatura passou - no seu magro rondar de gata negra, sobre um beiral de telhado, ao luar de Janeiro. Dois poços fundos não luzem mais negro e taciturnamente do que luziam os seus olhos taciturnos e negros. Não recordo (Deus louvado!) como rocei o seu vestido de seda, lustroso e ensebado nas pregas; nem como lhe rosnei uma súplica por entre os dentes que rangiam; nem como subimos ambos, morosamente e mais silenciosos que condenados, para um gabinete do Café Durand, safado e morno. Diante do espelho, a criatura, com a lentidão de um rito triste, tirou o chapéu e a romeira salpicada de vidrilhos. A seda puída do corpete esgarçava nos cotovelos agudos. E os seus cabelos eram imensos, de uma dureza e espessura de juba brava, em dois tons amarelos, uns mais dourados, outros mais crestados, como a côdea de uma torta ao sair quente do forno".
(by Eça de Queiroz in A cidade e as Serras)

Viva o Mantorras e os pasteis de massa tenra do Frutalmeidas - não tem nada a ver mas também o texto acima nada tem a ver com futebol e muito menos ainda o triste espectaculo a que ontém assisti na Luz.

É por estas e outras que o Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular tem tanta saída por aquelas bandas.

Reporcas!

a relíquia





"Sobre a nudez forte da verdade - o manto diaphano da phantasia"
(coisa gira esta de escrever o "f" com ph)

A Relíquia é o nome de um dos mais belos romances de Eça de Queiroz e certamente aquele que mais gostei de ler de entre toda a sua obra, que li há muito (alguns os livros mais de uma vez).

Muito apropriada a história para os tempos que correm.

Hoje por acaso enquanto praticava um dos meus mais frequentes passatempos - o zapping - parei na 2 e assisti ao tempo de antena dedicado à campanha eleitoral para o referendo sobre o aborto.

Não há duvida que o Prof. Martelo é um aprendiz de feiticeiro ao lado do velho Eça.

Apesar de eu achar que o Eça era um critico feroz da sociedade portuguesa, é nestes momentos que o nacionalismo dele nos fazia falta

A direita em volta da defesa da vida é contra o aborto mas a favor da descriminalização da mulher; a esquerda é a favor da mulher e contra a criminalização do aborto. Ou vice versa, ou então de trás para frente e de cima para baixo.
A hipócrisia é muita e os interesses instalados são tantos que não me admiraria se daqui a uns anos o senhor procurador geral da republica vier a instaurar um processo para averiguar o envolvimento de algumas figuras anónimas e outras mais ou menos graúdas num qualquer negócio de favorecimento a propósito.

Mas não só por aqui, porque a nossa vida no dia a dia também está cheia de fazedores e vendedores de relíquias e de tias ferverosas e de gentes e gentinhas e de gentões que preenchem o espaço onde nos movemos e nos envolvem porque o deixamos.

A Relíquia é uma sátira humorística à hipocrisia - representada por Teodorico, o exemplo da nova geração - e ao fanatismo religioso - representada por Dona Patrocínio, a velha tia.

O auge da representação da hipocrisia faz-se no episódio final, quando em vez da coroa de espinhos, surge uma camisa de noite, perante um ambiente fervorosamente religioso.

É um livro que se lê bem numa noite de insónia, mas para abreviar caminho deixo aqui um resumo da história:

A acção centra-se em torno de Teodorico Raposo – o protagonista e narrador.

Teodorico vivia com uma velha tia, rica e muito devota. Por influência de um amigo, Dr. Margaride, decide aproximar-se da tia e traçar uma estratégia para herdar a avultada fortuna da velha senhora. Para tal, mostra-se (falsamente) religioso e devoto.
Pede à tia que lhe financie uma viagem a Paris, mas esta recusa-se terminantemente afirmando que Paris era a cidade do vício e da perdição. Teodorico pede, então, para fazer uma peregrinação à Terra Santa. A tia consente e pede que lhe traga uma recordação.
O sobrinho leviano parte e, na viagem, envolve-se com uma inglesa – Mary – que, como recordação dos momentos que passaram juntos, lhe dá um embrulho com a sua camisa de noite.
Chegado à Palestina, Raposo continua a sua vida profana e amoral.
Mas, aí, tem um sonho no qual se imagina a assistir a todo o processo de Jesus. Esta é a forma que Eça encontra para negar a verdade da ressurreição.
Antes de regressar, Teodorico lembra-se do pedido da tia e corta uns ramos de um arbusto e tece com estes uma coroa, que embrulhou e pôs na sua bagagem.
Entretanto, uma pobre mendiga pede-lhe esmola e ele deu-lhe o embrulho que (pensava ele) continha a camisa de Mary.
Chegado a Lisboa, relata, hipocritamente, à tia todas as penitências e jejuns que fizera durante a peregrinação e oferece-lhe o embrulho, dizendo que este continha a coroa de espinhos.
A abertura da suposta relíquia faz-se perante uma imensa audiência de sacerdotes e beatas, num ambiente de ansiedade. Qual o espanto de todos quando, em vez do sagrado objecto, surge a camisa de noite da inglesinha.
Este insólito episódio vale a Teodorico a expulsão de casa da tia e a perda da fortuna que ambicionava.
Para sobreviver, Raposo passa, então, a vender relíquias da Terra Santa, que fabrica em grandes quantidades, acabando por arruinar o negócio.
Acaba por compreender a inutilidade da falsidade e da mentira quando tem uma visão de Cristo.
Arranja um emprego, graças a um amigo do colégio e casa com a irmã deste. Parecia regenerado da hipocrisia que o caracterizava, mas ao saber que o padre Negrão – um dos clérigos que costumava frequentar a casa de Dona Patrocínio – herdara desta a Quinta onde ele nascera e que este era amante de Amélia, uma mulher com quem se relacionara em tempos e que o havia traído, Teodorico apercebe-se que tinha perdido a choruda fortuna por não ter sido ainda mais hipócrita e cínico. Se naquele dia tivesse tido a coragem de declarar que aquela camisa pertencia a Santa Maria Madalena, teria ficado bem visto entre os presentes e herdado a fortuna.