20 de julho de 2007

horizonte



O mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos
Desvendadas a noite e a cerração
As tormentas passadas e o mistério
Abria em flor o Longe, e o Sul sidério
Esplêndia sobre as naus da iniciação
Linha severa da longínqua costa
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores
E, no desembarcar, há aves, flores
Onde era só, de longe a abstracta linha
O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esperança e da vontade
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte
Os beijos merecidos da Verdade
(Fernando Pessoa)

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