A história desenrola-se totalmente à volta do conceito de caçada e tem dois actos.
No 1.º, um carro quitado é conduzido por um 'serial killer' (Kurt Russell é Stuntman Mike; não, o actor não espera uma ressurreição, tão-só uma pequena revitalização da carreira, já que se diz dele que não era tão bom desde que foi Snake Plissken a escapar de Nova Iorque) que usa o veículo à prova de morte para destruir sonhos e vida de quatro mulheres de um grupo de amigas.
No 2.º acto, esse homem decide exterminar mais quatro mulheres - mas aqui são elas que decidem não se comportar como vítimas.
Se, no fundo, "À prova de morte" se apresenta como contendo os habituais condimentos de sexismo e violência que o autor espalhou pelos dois tomos de "Kill Bill" (2003 e 2004), é na forma - o 'gore' e o 'camp' são para o autor iguais parcelas da intelectualidade - que o filme se propõe desafiar a ser algo mais do que a simples tentativa do tributo.
Mais do que salutar, parece interessar a Tarantino a sua capacidade de subverter. Naturalmente, a sua proposição artística passará sempre pela exposição frontal de energia, imaginação e espírito, mas só e sempre com a electricidade de quem possui um singular temperamento artístico e se soube reinventar pelo amadurecimento que é o olhar feminino que se impôs desde "Jackie Brown" (1997).
O delírio 'freak' de "À prova de morte" é, como se alvitra, um acto de irresponsabilidade? Como, se a irresponsabilidade é a parte maior do prazer de toda a arte?
Eu vou ver...mas dispenso estas legendas.
20 de julho de 2007
Quentin Tarantino's Death Proof
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